O conhecimento básico das TICs está se tornando cada vez mais um pré-requisito para o emprego. A generalização dos conhecimentos básicos de informática e internet é fundamental para limitar o impacto negativo que essas tecnologias podem ter para os setores mais pobres, apesar das limitações significativas das políticas voltadas para a democratização da informação.
A luta pela inclusão digital é uma luta contra o tempo. As novas tecnologias da informação estão aumentando as desigualdades sociais e as políticas de integração digital também são lutas para restaurar a igualdade de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e condições de vida adequadas.
Programas para integração digital enfrentam problemas complexos
O verdadeiro valor da informação depende da capacidade de interpretação do usuário. Para ser útil, a informação deve fazer sentido, deve ser transformada em conhecimento através de um processo de socialização e práticas para forjar essas habilidades analíticas. Nesse sentido, a luta contra a exclusão digital não pode ser separada da luta contra o colapso escolar.
Políticas para o acesso à Internet nos países em desenvolvimento não serão bem-sucedidas, a menos que sejam combinadas com outras políticas, especialmente a educação. Nos países onde a taxa de analfabetismo é muito alta (no Brasil chega a 30%), a luta para aumentar o acesso aos serviços públicos – educação, saúde, segurança, saúde, justiça – precisa ser acompanhada por uma visão complexa da luta contra a exclusão digital.
Naturalmente, isso não significa que devemos esperar pela erradicação do analfabetismo para desenvolver políticas de integração digital. As demandas da economia e da criação de emprego exigem políticas articuladas que trabalhem com diferentes setores sociais e em diferentes velocidades em vista da generalização dos serviços públicos.
Não podemos ignorar as ligações entre diferentes políticas públicas
Em última análise, o sucesso dessas políticas depende de um programa integrado: a generalização do acesso a de informação e comunicação é impossível sem uma generalização do acesso a outros bens sociais.
Como já indicado, é essencial definir prioridades de acordo com os públicos-alvo. Esta pesquisa mostra que, nas comunidades pobres, os telecentros são usados por setores da sociedade que já possuem educação básica e renda relativamente alta.
Uma política que visa generalizar o acesso à Internet deve ter como objetivo primordial a rede educacional, uma vez que é a única a atingir a grande maioria da população. Além disso, como vimos, o local de trabalho é um fator importante da integração digital.
As políticas públicas precisam criar incentivos para aumentar o número de empresas que usam computadores e a internet, bem como o número de cursos de informática e internet oferecidos a seus funcionários.
Propor a mobilização de escolas para o uso de novas gerações de computadores e da Internet não significa, por um lado, tornar as TIC o instrumento preferido do sistema educacional, nem, por outro lado, investir muito dinheiro na compra de computadores.
Computadores para cada escola
Os resultados sobre o impacto do uso de computadores e da internet na escola são contraditórios. Adaptar os professores a esses novos instrumentos é um longo processo que não pode ser dissociado da melhoria geral de suas habilidades profissionais.
O desenvolvimento de programas específicos, adaptando-se às necessidades do sistema educacional e promovendo habilidades críticas de ensino no uso das TICs, é um desenvolvimento de longo prazo na maioria dos países em desenvolvimento.
Enquanto isso, o papel das TICs e das salas de informática deve ser o de familiarizar os alunos com esses instrumentos, dando-lhes a oportunidade de praticar em programas básicos, motivá-los a usá-los e facilitar sua futura integração no mercado de trabalho.
Dadas essas limitações, um programa mais modesto de acesso à TIC, introduzindo um ano de educação durante a escola primária e mais um ano na escola secundária, parece um objetivo razoável, para começar.